Javier Herraiz Garvín é o Coordenador de Docência e Investigação da EPTE®, Eletrólise Percutânea Terapêutica. Fisioterapeuta e C.O em Osteopatia, conta com uma extensa experiência clínica na aplicação de eletrólise percutânea.
Actualmente trabalha no departamento de Reabilitação do Hospital Universitario Infanta Leonor, primeiro centro público de Espanha onde se começou a aplicar EPTE® e onde se leva a cabo o Ensaio Clínico, titulado:“ Efectividade de la Eletrólise Percutânea Terapêutica (EPTE®) nas Tendinopatias crónicas do Tendão de Aquiles”, cujo projecto piloto foi apresentado no congresso Muscletech Network 2015, organizado pelo FC Barcelona e a Fundação Leitat..
Como docente, Javier Herraiz colaborou com distintas universidades e organismos de formação. Conta com uma extensa formação em diferentes campos, especializando-se em Tratamento Invasivo. Desde Setembro de 2015, é docente principal dos cursos EPTE®, Eletrólise Percutânea Terapêutica, realizado em Espanha, Portugal e México.
Javier Herraiz: Eletrólise com Raciocínio Clínico
A eletrólise percutânea é uma técnica que é aplicada no tratamento de distintas lesões e está atingindo uma importância visível a olho nu hoje em dia. Para explicar-nos como tudo funciona, Javier Herráiz responde às nossas perguntas:
Quais são as vantagens tendo em conta outros tratamentos convencionais?
Quando se tem que fazer uma abordagem de distintas entidades patológicas encontramos-nos muitas vezes com momentos de grande dificuldade para alcançar resultados favoráveis; seja por caso de difícil evolução da própria estrutura afectada ou pela possibilidade negativa de influir de forma directa sobre o tecido lesionado. A aplicação de Eletrólise deve ser considerada como uma ferramenta com um alto valor terapêutico a aplicar dentro do contexto de um tratamento global e precedido sempre de um raciocínio clínico correcto.
Não devemos cair no erro de aplicar a técnica EPTE® eletrólise percutânea terapêutica de forma arbitrária e sem um fundamento teórico correcto. A aplicação de eletrólise percutânea EPTE® permite-nos influir correctamente e directamente sobre o tecido afectado, metendo em prática uma série de procedimentos fisiológicos que contribuem para a resolução da lesão. O tratamento convencional através das distintas técnicas que englobam a terapia manual e o exercício terapêutica em certas ocasiões não são suficientes para reverter uma determinada situação clínica, sendo necessário um estímulo maior para influir sobre estes processos.
Javier Herraiz: curso EPTE® eletrólise percutânea terapêutica
A formação EPTE® conta com uma importante parte prática centrada em tendinopatias. Porque é que este curso se centra em tendões?
A formação centra-se principalmente na abordagem do tendão, visto ser a única estrutura na qual existem ensaios clínicos aleatórios com grupos de controlo que avaliam a efectividade da técnica EPTE®.
É certo que, existem estudos primários em animais sobre a aplicação da eletrólise no músculo e, passado um período de 7 dias após a lesão, os resultados são bastante prometedores. Contudo, hoje em dia não existem ensaios clínicos em humanos que avaliem a sua aplicação.
Dispomos de evidencias clínicas que justificam a sua utilização noutras localizações mas actualmente, onde se promove uma prática clínica baseada na evidência científica, visto que somos profissionais de saúde, teremos que esperar os resultados dos diferentes ensaios clínicos aplicado a outras estruturas para incorporar a sua prática na formação.
O primeiro módulo do curso está centrado numa introdução teórica necessária (histologia tendinosa, teoria da dor… Até que ponto esta contextualização é necessária para o terapeuta?
Javier Herráiz: Este módulo teórico é imprescindível para uma aplicação correcta da técnica eletrólise percutânea. Como já comentei anteriormente, a EPTE eletrólise percutânea terapêutica, é uma ferramenta situada dentro de um contexto clínico onde o profissional deve utilizá-la de maneira fluída uma série de conceitos para poder aplicar a técnica EPTE® de forma segura e eficaz no tratamento das tendinites ou tendinoses.
Será necessário que o aluno conheça a histologia e fisiopatologia tendinosa que marcará o processo evolutivo e justifique a aplicação da técnica.
É muito importante que os alunos dos cursos eletrólise percutânea EPTE® tenham em conta antes do tratamento invasivo aspectos como:
- Localização da lesão;
- Fase evolutiva da lesão (modelo continuum);
- Implicação do sistema nervoso central (processos de sensibilização);
- Influência de patologia sistémica ou por ingestão de determinados fármacos;
- correlação diagnóstico por imagem e sintomatologia clínica:
- Possíveis tratamentos a aplicar e evidência científica a respeito;
- Conhecimento sobre exercícios físicos pós-tratamento (isométrico, concêntrico, excêntrico, HSR, pliométricos, controlo motor, etc…).
O curso EPTE® eletrólise percutânea conta com uma constante actualização de conteúdos. Em que consiste esta actualização?
JH: O programa do curso EPTE® é actualizado com base na revisão constante feita através de estudos publicados no âmbito científico e a prática clínica daqueles que formam parte do grupo de desenvolvimento da EPTE® eletrólise percutânea terapêutica.
A busca constante por novas abordagens cada vez mais seguras e eficazes para o paciente, assim como o conhecimento que vamos adquirindo com o desenvolvimento dos diferentes ensaios clínicos vai-se incorporando tudo ao conteúdo dos cursos. Para poder favorecer o acesso dos alunos a este conteúdo, foi criada uma Zona Privada EPTE® (utilizada apenas por Centros Homologados EPTE®) onde o profissional tem ao seu dispor determinadas ferramentas que facilitam a aplicação da técnica e também poderá estar actualizado sobre o desenvolvimento de novos conceitos.
O professor Javier, já leccionou cursos em distintas edições da formação EPTE® eletrólise percutânea terapêutica, contado já com mais de 400 alunos formados.
JH: A docência sempre foi um elemento importante para o meu desenvolvimento profissional. É uma maneira de poder partilhar o conhecimento adquirido durante anos de formação e de constantes estudos, revisão de material científico e aplicação clínica do mesmo.
Têm sido sem dúvida anos intensos, com muitas horas implicadas neste projecto mas que, sem dúvida, valeram a pena. Actualmente, contamos muitas frentes abertas para ensinar a aplicação da técnica eletrólise percutânea de uma maneira correcta e a formação é um dos passos necessários para dar a conhecer de uma forma adequada.
Javier Herraiz: investigação, agulha bipolar e futuros objectivos
Neste momento coordena um estudo de investigação sobre a aplicação de EPTE® com agulha bipolar.
Que vantagens oferecem as micro-correntes ou a agulha bipolar?
Javier Herraiz: Começar a utilizar a agulha bipolar na aplicação da técnica EPTE® eletrólise percutânea terapêutica abriu a porta a uma infinidade de opções que a largo prazo implicarão uma mudança importante na aplicação da eletrólise. Podemos afirmar que a agulha bipolar nos permite trabalhar com uma menor intensidade no que diz respeito ao tratamento convencional da EPTE® eletrólise percutânea terapêutica.
Com os dados recolhidos através do estudo sobre este tipo de aplicação, pude concluir que a agulha bipolar pode diminuir o número de tratamentos necessários para a solução da sintomatologia do paciente em comparação a outras aplicações convencionais.
Doncência EPTE®
JH: Em relação ao tema da docência, damos continuidade à nossa presença tanto em Portugal como em Espanha. Ampliaremos também a nossa área de formação a Itália, Holanda e Latino-América. Uma vez que o nosso dispositivo EPTE é reconhecido no mercado por dispor de um Certificado CE Sanitário cumprimos todas as normativas para a aplicação de técnicas invasivas em seres humanos e isto abriu-nos muitas portas.