O videojogo Pokémon Go é, atualmente, uma das apps mais utilizadas e faladas em todo o mundo, tendo ultrapassado o número de utilizadores das aplicações Facebook e Tinder. Este é o jogo que deixou o mundo louco e está a dar que falar devido aos diversos riscos que pode provocar à saúde humana. Torna-se cada vez mais comum encontrar pessoas pela rua com o telemóvel nas mãos à caça do melhor Pokémon.
O Pokémon Go em português foi lançado no passado dia 15 de julho e, apesar do seu curto período de utilização no nosso país, é necessário manter-nos alertados sobre os possíveis perigos da utilização do Pokémon Go para a nossa saúde, principalmente devido excesso de horas que é utilizado por dia.
Pokémon Go: riscos de um uso excessivo
Sentir dor após a realização de atividade física é muito comum, principalmente para quem não está acostumado a realizar qualquer tipo de exercício físico. Se pensamos bem, os utilizadores deste jogo são, em grande maioria, “gamers” que passam bastante tempo à frente de um ecrã de computador ou tablet, cuja a atividade física é praticamente nula.
A conhecida marca de jogos Nintendo, criadora do Pokémon Go, já afirmou que um dos principais objetivos deste videojogo é que as pessoas saiam das suas casas e possam desfrutar de mais tempo ao ar livre ao mesmo tempo que podem fazer o que mais gostam: jogar um bom videojogo. Contudo, são já vários médicos e fisioterapeutas que se preocupam com esta situação e alertam para perigos do “pescoço de Pokémon Go”, tal como outros riscos que o uso excessivo do Pokémon Go pode provocar na saúde dos seus pacientes.
À semelhança do tema abordado sobre os perigos do whatsapp para o pescoço, dedos e pulsos, o Pokémon Go é mais um dos perigos que podem provocar lesões derivadas da utilização de telemóveis ou tablets, sobretudo devido ao tempo de utilização, que em alguns dos casos excedem as 8 horas diárias.
Segundo Kenneth K. Hansraj, MD, responsável pela Spine Surgery at New York Spine Surgery and Rehabilitation Medicine, o peso suportado pela coluna cervical aumenta à medida de que a cabeça se inclina para a frente durante a utilização deste tipo de dispositivos, sendo que a 15 graus de inclinação, corresponde um peso de 12 quilos sobre a coluna cervical; aos 30 graus, a 18 quilos; aos 45 graus, a 22 quilos; e aos 60 graus, a 27 quilos. Posto isto, é possível estimar que a coluna cervical de cada jogador suporte 27 quilos durante uma “caçada” de várias horas com os amigos do parque. Doloroso não?
Pokémon Go: pode ser um agente provocador de tendinites?
Para efetuar uma abordagem mais completa sobre este tema, o fisioterapeuta João Carlos Rodrigues comenta-nos qual é o seu parecer e preocupações sobre os riscos que a utilização do Pokémon Go tem na vida daqueles que o utilizam horas a fio:
“De uma forma mais específica, enquadrando-se os principais praticantes desta novidade no grupo dos denominados “gamers”, pessoas que na maioria dos casos não desenvolvem uma prática regular de exercício físico, a busca prolongada das famosas criaturas pode, de facto, originar stress e fadiga de determinadas estruturas corporais, nomeadamente, a componente tendinosa.”
Tal como comenta João Carlos Rodrigues, fisioterapeuta formado pela Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra, os principais afetados são as pessoas que de um dia para o outro se vêm obrigadas a fazer uma grande quantidade de quilómetros para encontrar estes “amigos virtuais” e esta situação não é nem pode ser boa para o nosso corpo. Existem já alguns casos de queixas de dores musculares sobretudo nas pernas e braços devido à utilização app Pokémon Go.
Seguindo este mesmo raciocínio, o fisioterapeuta João Carlos Rodrigues afirma que: “Certamente não teremos neste jogo um adversário à altura do running ou do paddle no desenvolvimento de lesões músculo-tendinosas, mas é algo a ter em conta no que diz respeito às suas repercussões na saúde física dos praticantes. Tendões cujo ponto de maior stress se resumia, outrora, ao esforço despendido em levantar do cadeirão, passarão a ter que suportar longas caminhadas e exigências mecânicas.”
Chegamos assim à conclusão de que, mesmo que pareçam insignificantes, alguns dos movimentos que fazemos ao utilizar o jogo Pokémon Go são prejudiciais para a nossa condição física podendo provocar problemas que num princípio são controláveis, como por exemplo as tendinites, mas que podem vir a tornar-se em problemas crónicos.
“Tendo a conta a necessidade de utilização de um dispositivo eletrónico para a prática do Pokémon Go, de uma forma genérica esta aplicação tem, desde logo, repercussões ao nível da postura corporal, nomeadamente da região cervical.”, acrescenta o fisioterapeuta português João Carlos Rodrigues, ex-aluno de um dos cursos EPTE® eletrólise percutânea terapêutica.
Tendinopatias provocadas pelo Pokémon Go
Perigos do Pokémon Go para os TENDÕES SUPERIORES
Má posição dos braços e pescoço
Uma má posição do corpo, sobretudo dos braços e pescoço, poderá provocar dores, tensão e inflamação nas zonas em questão. No caso da utilização do Pokémon Go, como se pode verificar através dos pontos azuis assinalados na imagem, as tendinopatias que poderão ser provocadas mais facilmente por este jogo são:
- Tendinite nos dedos das mãos;
- Tendinite no ombro ou tendinite no tendão supraespinhoso;
- Tendinite no cotovelo ou epicondilite.
Perigos do Pokémon Go para os TENDÕES INFERIORES
Andar muito e sem cautela
O exercício físico quando não é feito de uma maneira controlada e se estamos expostos a situações de stress continuado sobre o calcanhar, o joelho ou a planta do pé, como por exemplo percorrer largas distâncias e andar por caminhos irregulares e que não facilitem o apoio cómodo do pé, podem provocar as seguinte tendinopatias:
- Tendinite no tendão de Aquiles ou tendinite Aquileana;
- Fascite plantar;
- Tendinite no joelho ou tendão rotuliano.